Os Correiros enfrentam atualmente a maior crise econômica de sua história e, como consequência, estão lidando com a necessidade de adotar medidas para remediar este cenário. É aí que entra uma decisão da rede de entregas que abalou os empresários e consumidores do comércio eletrônico: o fim do e-Sedex.

Encerrado a partir do dia 1º de janeiro de 2017, o serviço começou a ser oferecido em 2000 e foi encarado como um dos propulsores para a ascensão do varejo online, já que é exclusivo para empresas de comércio eletrônico que possuem contrato com os Correios. O preço do e-Sedex é semelhante ao do PAC (serviço de encomenda de linha econômica), mas os prazos de entrega são os mesmos do Sedex tradicional. Sua área de cobertura, no entanto, restringe-se a algumas cidades.

A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) avaliou que os valores de fretes para produtos adquiridos online podem subir em até 30% com o fim do e-Sedex. A medida acontece em um momento de crescimento do e-commerce no país, como mostrou uma pesquisa encomendada recentemente pelo Google. Segundo o levantamento, o comércio eletrônico dobrará a sua participação no varejo restrito brasileiro até 2021, sendo que deve crescer, em média, 12,4% ao ano.

Concorrência

Ainda que a sua área de cobertura não seja tão ampla quanto a de outros serviços dos Correios, o e-Sedex responde por 30% do faturamento das lojas que utilizam o serviço, segundo a Associação Brasileira de Franquias Postais (Abrapost). Portanto, o fim do oferecimento deste serviço preocupa a associação, que vislumbra a possibilidade de os empresários do comércio virtual migrarem para a concorrência. E esta é uma preocupação fundamentada.

As empresas de entrega alternativas, que vão na contramão dos modos de envio tradicionais e procuram inovar, podem encontrar na descontinuidade do e-Sedex uma maneira de expandir sua atuação junto ao varejo online e fazer frente ao domínio dos Correios – que não tinham competição considerável até então – neste tipo de serviço.

Exemplo disso é a Shippify, uma rede colaborativa de entregas que começou a atuar em Belo Horizonte no último ano e funciona por meio de um aplicativo. A partir dele, qualquer proprietário de um meio de transporte pode se cadastrar para realizar envio de mercadorias pela cidade.

Hoje, cerca de 1,5 mil pessoas já fazem este tipo de trabalho sem vínculo empregatício em BH, atuando para lojas e comércios, que contratam o serviço para levar produtos até seus clientes em um prazo de 24 horas. A empresa – que tem também atividade em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília – pretende crescer mais neste mês de dezembro, devido ao anúncio do fim do e-Sedex.

Outra iniciativa arrojada é o aplicativo de entregas de São Paulo Eu Entrego, que atua também em BH. A plataforma conecta lojas e pessoas que desejam fazer entregas a uma comunidade de entregadores independentes. Eles se propõem, cobrando um preço baixo, a levar e trazer qualquer coisa de qualquer lugar 24 horas por dia.

Os exemplos apresentados ilustram que empresas de entregas com ideias inovadoras estão crescendo. Diante disso, a tendência é que os empresários do comércio eletrônico sejam menos dependentes dos serviços dos Correios e tenham outras possibilidades de empresas de entregas para considerar.